A Igreja Católica celebra, no
segundo domingo da Páscoa, a Festa da Divina Misericórdia, instituída pelo Papa
São João Paulo II. Esta festa teve origem na Polônia, em Cracóvia, através das
experiências místicas de Santa Irmã Faustina Kowalska, e é hoje celebrada no
mundo inteiro.
Santa Ir. Faustina Kowalska, conhecida
hoje como Santa Faustina, nasceu em Głogowiec, perto de Łódź (Polônia), aos 25
de agosto de 1905, vindo a falecer ainda jovem, em Cracóvia (Kraków), aos 05 de
outubro de 1938. Pertencia à congregação das “Irmãs de Nossa Senhora da
Misericórdia.” Ela entrou na congregação em 1924 e ficou apenas 14 anos, até o
momento de sua morte. É reconhecida como a “apóstola da Divina Misericórdia”.
O padre Michal Supocko, que era seu
confessor, pediu que ela escrevesse os seus diálogos espirituais. Isso resultou
em centenas de páginas, que estão traduzidas em muitos idiomas: “o Diário de
Santa Faustina”. Encontramos este livro em quase todos as línguas, desde os
idiomas indígenas até as línguas dos desertos da África.
Qual seria a imagem da Divina Misericórdia?
As freiras da congregação responsáveis pelo Santuário da Divina Misericórdia,
em Cracóvia, contam como Santa Faustina orientou a pintura do quadro que
representava Jesus misericordioso. Um pintor renomado foi convidado para pintar
o quadro: Eugeniusz Kazimirowski, em 1934. Tudo dependeu das informações dela.
Depois do quadro pintado, ela disse que por mais linda que fosse a arte, a
pintura ainda não representava a beleza que ela tinha intuído e vivido. Abaixo
do quadro, veio a grande expressão, verdadeira manifestação de fé: “Jesus, eu confio em
vós!” (Jezu, ufam Tobie!) Hoje, essa
pintura se encontra espalhada em inúmeras paróquias e residências em todo o
Brasil e no mundo.
A celebração da Divina Misericórdia levou
muito tempo até entrar na liturgia. Hoje, com a aprovação do Papa João Paulo
II, está presente em todos os continentes. Foi o Pe. Michal Supocko que desde
1937, tendo acompanhado Santa Faustina, trabalhou para que fosse introduzido na
liturgia o Domingo da Divina Misericórdia (“Eu desejo que o
primeiro domingo depois da Páscoa seja a Festa da Misericórdia” (Diário
299). Em 1946, o então cardeal August Hlond, primaz da Polônia, enviou um
ofício à Santa Sé pedindo a inserção dessa festa. Em 1957, novamente o tema foi
retomado. E em nome do cardeal Stefan Wyszynski, 17 dioceses foram
entrevistadas. No dia 19 de novembro de 1958, o Santo Ofício emitiu um decreto
confirmando a celebração da Divina Misericórdia. Este decreto foi tornado
público alguns meses depois, entrando oficialmente no calendário litúrgico no
dia 06 de março de 1959. Mas até ali ainda não havia sido definida uma data
oficial para o culto. A irmã Faustina foi beatificada em 18 de abril de 1993,
quando a Conferência Episcopal da Polônia retomou o tema, enviando ao Papa um
novo pedido para tornar pública esta festa da Divina Misericórdia. Quem
oficializou a data foi o Papa Beato João Paulo II no dia 17 de agosto de 2002,
na Basílica da Divina Misericórdia, em Cracóvia, declarando o segundo domingo
da Páscoa como sendo o dia do culto à Divina Misericórdia. Inclusive, o Papa
recomendou que neste culto se fizesse uma novena que deve ser iniciada sempre
na Sexta-Feira Santa. Podemos encontrar maior reflexão sobre o tema estudando a
encíclica do Papa São João Paulo II “Dives in Misericordia”.
Hoje, vemos em inúmeras paróquias de todo o Brasil
e no mundo, e até em ambientes familiares, a prática desta devoção em louvor à
Divina Misericórdia. Lembremo-nos de que não é apenas nesse domingo, mas a
Misericórdia com os irmãos deve ser praticada a cada instante de nossas vidas.
Jesus Cristo é a primeira fonte da Misericórdia. Assim como seus
discípulos, devemos ser os continuadores do amor e do perdão a todos. O Ano da
Fé nos convida a acolher as palavras de Jesus, pois são o anúncio da verdadeira
paz do coração e da esperança que está enraizada no mistério da cruz na sua paixão
e morte e, acima de tudo, na sua gloriosa ressurreição. O Misericordioso Senhor
nos deu a participação na sua vitória sobre o pecado e a morte.
Cristo ressuscitado nos ensina a
necessidade da misericórdia e nos pede para praticar a caridade. Viver a fé nos
impulsiona a levar a sério as palavras de nosso Mestre: Bem-aventurados os
misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia (Mt 5,7). A expressão de
fé madura está nos atos concretos de caridade. Que a celebração deste domingo
fortaleça os nossos corações pela graça de Deus! A misericórdia de Deus está
chegando ao nosso irmão por meio de ações concretas, palavras de esperança e
constante oração para que desça a misericórdia sobre nós e sobre o mundo
inteiro!
"Ajuda-me, Senhor, que minhas mãos possam ser
misericordiosas e cheias de boas ações. Eu só sei fazer o bem ao próximo, tomar
sobre mim o trabalho mais pesado. Ajuda-me, que o meu pé possa ser
misericordioso, para que eu possa correr para ajudar o meu próximo, vencendo a
própria fadiga e cansaço. Meu verdadeiro descanso está a serviço dos outros.
Ajuda-me, Senhor, que meu coração seja misericordioso, para que eu possa sentir
em mim todos os sofrimentos dos outros..." (Santa
Faustina, Diário, 163).