SABEDORIA DO DESCANSO –
Mc 6,30-34
Ao
chegar o mês de julho podemos exclamar: enfim, férias! Quero neste presente
artigo trazer aos queridos leitores uma reflexão sobre o tema: descansar.
É
interessante a expressão dias úteis, como se houvesse dia inútil. A coisa fica
mais esquisita quando o comércio em geral considera dias úteis de segunda a
sexta-feira, o que leva a pensar que sábado, domingo e feriados são inúteis. E
as férias, quer inutilidade maior?
A
narrativa parece narrar o cotidiano de Jesus. É um sufoco!
Jesus
sempre em movimento, gente que vai e que vem, chega e sai, doentes em busca de
alívio, pessoas sedentas de palavras de consolo. Em meio a tudo isso, Jesus
diz: venham, vamos a um lugar deserto para descansar.
A
pausa é natural e necessária. Nosso corpo precisa de pausa, a natureza também.
O dia, a noite, as estações, a semente que dorme sob a terra, antes de
germinar, tudo respeita o tempo de descanso.
Fico
impressionado nos feriados, filas e filas de carros levando pessoas aflitas que
fogem das metrópoles para descansar.
Descansar
não pode se transformar em mais uma tarefa, mais uma obrigação da agenda
lotada. É preciso sabedoria e dar dignidade também ao tempo de descanso que não
se resume num mero não fazer nada.
Descansar
é uma ocupação sagrada, pois nela revelamos nossa semelhança com Deus criador.
Na
nossa sociedade capitalista é comum medir as pessoas pela capacidade de
produzir. Tem gente que vende as férias para poder trabalhar mais.
Pouca
gente consegue definir as pessoas pela sua capacidade de descansar. Descansar é
uma arte, pois nos torna capazes de relativizar o tempo e preenchê-lo com
aquilo que vale a pena. Só quem aprendeu a arte de descansar consegue, no
trabalho, relacionar-se com o outro de forma serena, humana. Muitas vezes o
outro é obrigado a pagar a fatura do nosso cansaço e do nosso ativismo.
Tornamo-nos cansativos, chatos, marrentos.
Só
quem vive em paz, reconciliado, em primeiro lugar consigo mesmo, é que pode
descansar. Não é uma fórmula mágica, uma técnica de relaxamento. Tudo isso vira
agenda, mais cansaço.
Descansar
é ter a sabedoria da simplicidade. É perceber que a pressa não é só inimiga da
perfeição. Impede a nossa capacidade de ver que o tempo é o mesmo para mim,
Bill Gates e o flanelinha que fica na esquina. A diferença está no que fazemos
por ela.
A
paz não é ausência de problema, é confiança no meio da tempestade. A paz é o
triunfo da fé sobre a ansiedade. A paz não é um porto seguro aonde se chega,
mas a maneira como navegamos no mar revolto. A paz não é um sentimento, mas,
uma pessoa, Deus. A paz de Deus tem haver paz com Deus. Essa paz coexiste com a
dor, é misturada com as lágrimas e sobrevive diante da morte. Essa paz ninguém
pode tirar. O consolo não vem de dentro, vem de cima. Não vem do homem, vem de
Deus. Não é resultado de autoajuda, mas da ajuda do alto!
Bom
descanso a todos!