ANO LITÚRGICO (24/11/2012)
“De tal maneira Deus
amou o mundo que enviou seu Filho Único, para que todo o que Nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16)
Olá, meu irmão e minha irmã! Que saibamos reconhecer com alegria que
existir é um grande privilégio.
Ao longo do Ano a Igreja celebra a Vida de Jesus: do
seu nascimento em Belém à sua paixão, morte, ressurreição e ascensão ao céu,
que chamamos Ano Litúrgico.
Como você sabe o ano se divide em 12 meses. E’ o
tempo que a Terra leva para fazer o giro ao redor do Sol.
O Ano Litúrgico se divide em seis tempos
Durante estes tempos nós cristãos revivemos a vida
de Jesus e a nossa salvação.
Estes seis tempos se chamam assim:
Tempo de Advento
Tempo de Natal
Tempo de Quaresma
Tríduo Pascal
Tempo Pascal
Tempo Comum
Outros
preferem dividir em dois
Ciclos subdivididos em 3 momentos:
CICLO DE NATAL:
-
Preparação: Advento
-
Celebração: Natal a Epifania
-
Prolongamento: 1º Tempo Comum
CICLO DE PÁSCOA:
-
Preparação: Quaresma, Tríduo Pascal
-
Celebração: Páscoa a Pentecostes
-
Prolongamento: 2º Tempo Comum
AS
CORES LITÚRGICAS
As diferentes cores das vestes litúrgicas visam manifestar
externamente o caráter dos mistérios celebrados, e também a consciência de uma
vida cristã que progride com o desenrolar do Ano Litúrgico. No principio havia
uma certa preferência pelo branco. Não existiam ainda as chamadas “cores litúrgicas”. Estas cores foram
fixadas em Roma no século XII. Em pouco tempo os cristãos do mundo inteiro
aderiram a este costume
BRANCO:
significa Alegria. É usada no Tempo
de Natal, Páscoa, Tempo Pascal, Santíssima Trindade, Quinta Feira Santa e Festa
do Corpo de Cristo, Festas de Nossa Senhora, e festas de santos não mártires.
ROXO:
É usado no Tempo do Advento e no Tempo Quaresmal.
O ROXO no Advento: O roxo no advento não significa
penitência, mas um recolhimento, uma purificação da vida pela justiça e pela verdade,
preparando os caminhos do Senhor.
O ROXO vem acompanhado do
sentido de um recolhimento que alimenta uma esperança.
O ROXO na Quaresma: Aqui o roxo
se refere a uma profunda interiorização num tempo forte de penitência e
conversão, de jejum e oração.
É também uma espera por um grande
acontecimento, que nos convoca a uma
preparação adequada.
ROSADO:
significa espera alegre. Usado nos
domingos do Advento (Gaedere) e no 4ª
domingo da Quaresma (Laetere). Ambos
os termos significando ALEGRIA.
NO
ADVENTO: estarmos
grávidos da Palavra, para que após a gestação aconteça
um mundo novo.
NA QUARESMA: O IV Domingo da Quaresma é chamado
de "Laetare". Esta é a primeira palavra da antífona de entrada
da missa deste domingo: "Laetare, Jerusalem". "Alegra-te,
Jerusalém!" (cf. Is 66,10-11).
É um dos dois únicos
dias em que o Missal Romano prevê a possibilidade do uso de paramentos róseos.
A cor é expressão visível da alegria que inunda toda a celebração litúrgica, ao
aproximar-se a Páscoa da Ressurreição.
A origem da cor rósea
está relacionada à bênção das rosas. De início, tratava-se de rosas naturais.
Este domingo situa-se próximo do início da primavera no hemisfério norte (haja
vista que a Páscoa ocorre no domingo após a primeira lua-cheia da primavera) e,
por isso, os cristãos tinham o costume de presentear-se com as primeiras rosas
da estação. Depois este domingo foi relacionado à bênção da Rosa de Ouro pelo
Papa, como veremos a seguir. Os ritos foram simplificados, mas a Rosa de Ouro
ainda é comumente entregue pelo Santo Padre como sinal de apreço. Um exemplo é
a Rosa de Ouro que o Papa Bento XVI ofereceu à Basílica Nacional de Nossa
Senhora Aparecida durante sua visita em maio de 2007.
Meditando na oração de
bênção da Rosa de Ouro apresentada por D. Prósper no texto abaixo, podemos
perceber o profundo sentido espiritual que se pode alcançar da cor dos
paramentos e desta referência às flores: a Páscoa é a primavera espiritual do
cristão, que o renova, revigora e faz exalar o bom perfume de Cristo. Além
disso - como se percebe nas últimas frases da oração - a verdadeira rosa, a
flor à qual a Liturgia faz referência neste domingo é o Cristo, o Lírio dos
Vales, a Flor dos Campos que germinou no Tronco de Jessé.
Outro acento especial é
a alegria. Somente na oração de bênção citada
por D. Prósper podemos contar nove referências a alegria, felicidade, gozo,
contentamento. É a alegria cristã, haurida na Ressurreição do Senhor pela
participação nesta em
nosso Batismo.
Cabe recordar que o Missal Romano
atual afirma que neste domingo, além dos paramentos poderem ser de cor rosa,
pode-se ornar o altar com flores e o órgão (ou outros instrumentos) pode voltar
a soar nas igrejas, quase como uma antecipação das festas pascais.
A seguir, a tradução de um texto de Dom Prósper Guéranger, OSB, um dos pais do movimento litúrgico, sobre a celebração deste IV Domingo da Quaresma. Além de apresentar a origem histórica da celebração, Dom Prósper oferece-nos também uma excelente meditação sobre o sentido espiritual deste dia.
A seguir, a tradução de um texto de Dom Prósper Guéranger, OSB, um dos pais do movimento litúrgico, sobre a celebração deste IV Domingo da Quaresma. Além de apresentar a origem histórica da celebração, Dom Prósper oferece-nos também uma excelente meditação sobre o sentido espiritual deste dia.
O domingo da alegria
Este Domingo chamado
Laetare, da primeira palavra do Intróito da Missa, é um dos mais célebres
do ano. Neste dia a Igreja suspende as tristezas da Quaresma; os cantos da
Missa não falam senão de alegria e de consolação; se faz ouvir novamente o
órgão, que permaneceu mudo nos três Domingos precedentes; [... ]é consentido
substituir os paramentos roxos com paramentos rosa. Os mesmos ritos já os
havíamos visto praticarem durante o Advento, no Terceiro Domingo chamado Gaudete.
Manifestando hoje a Igreja a sua alegria na Liturgia, quer felicitar-se do zelo
de seus filhos; havendo eles já percorrido a metade da santa quaresma, quer
estimular o seu ardor a prosseguirem até o fim.
A bênção da Rosa é ainda
hoje um dos particulares ritos do Quarto Domingo da Quaresma, por qual razão
vem chamado também de Domingo da Rosa. Os graciosos pensamentos que inspira
esta flor são em harmonia com os sentimentos que hoje a Igreja quer infundir
nos seus filhos, aos quais a alegre Páscoa logo abrirá uma primavera
espiritual, em confronto da qual a primavera da natureza não é senão uma pálida
idéia. Também esta instituição remonta aos séculos mais distantes. A instituiu
são Leão IX, em 1049, na Abadia da Santa Cruz de Woffenheim; e nos resta um
sermão sobre a Rosa de Outro, que Inocêncio III pronunciou aquele dia na
Basílica da Santa Cruz em Jerusalém (PL 217,393). Na Idade Média, quando o Papa
morava ainda no Latrão, depois de haver abençoado a Rosa, seguia em cortejo
todo o Sacro Colégio, rumo à igreja da Estação, levando na cabeça a Mitra e na
mão esta flor simbólica. Chegado à Basílica, pronunciava um discurso sobre os
mistérios representados pela Rosa por causa de sua beleza, a sua cor e o seu
perfume. Então se celebrava a Missa; terminada a qual, o Pontífice retornava ao
Palácio Laterantense, atravessando a esplanada que separa as duas Basílicas,
sempre com a Rosa na mão. Chegado à porta do palácio, se no cortejo era
presente um príncipe, cabia a ele conduzir as rédeas e ajudar o pontífice a
desmontar do cavalo; em recompensa da sua cortesia recebia a Rosa, objeto de
tanta honra.
Nos nossos dias a função
não é mais tão imponente; mas lhes é conservado todos os principais ritos. O
Papa abençoa a Rosa de Ouro na Sala dos Paramentos, a unge com o Santo
Crisma e sobre ela espalha um pó perfumado, conforme o rito de um tempo; e
quando chega o momento da Missa Solene, entra na Capela do Palácio, tendo entre
as mãos a flor. Durante o Santo Sacrifício a rosa é colocada sobre o altar e
fixada sobre um rosário de ouro feito para este fim; finalmente, terminada a
Missa, ela é levada ao Pontífice, o qual ao sair da Capela a tem sempre entre
as mãos até a Sala dos Paramentos. Muitas vezes o Papa costuma enviar a
Rosa a qualquer príncipe ou princesa que deseja honrar; outras vezes é uma
cidade ou então uma Igreja que é feita objeto de tal distinção.
A tradução da bela oração com a qual o
Pontífice abençoa a Rosa de Ouro: essa ajudará você a melhor penetrar o
mistério desta cerimônia, que acrescenta tanto esplendor ao quarto Domingo da
Quaresma:
“Ó Deus, que tudo criastes com a vossa
palavra e poder, e que governais com a vossa vontade; Vós que sois o gozo e a
alegria de todos os fiéis; suplicamos a vossa majestade que vos digneis
abençoar e santificar esta Rosa de aspecto e perfume tão agradáveis, que nós
devemos hoje em trazer entre as mãos, em sinal de alegria espiritual: para que
o povo a vós consagrado, arrancado do jugo da escravidão da Babilônia com a
graça do vosso Filho Unigênito, glória e alegria de Israel, exprima com coração
sincero as alegrias da Jerusalém do alto, nossa mãe. E como a vossa Igreja, à
vista deste símbolo, exulta de felicidade pela glória do vosso Nome,
concede-lhe, ó Senhor, um contentamento verdadeiro e perfeito. Agrade-vos a sua
devoção, absolve os seus pecados, aumenta-lhe a fé; abate os seus obstáculos e
concede-lhe todo bem: para que a mesma Igreja vos ofereça o fruto de suas boas
obras, caminhando atrás dos perfumes desta flor, a qual, surgida da planta de
Jessé, é misticamente chamada a flor dos campos e o lírio dos vales; e que ela
mereça gozar um dia a alegria sem fim na glória celeste, em companhia de todos
os Santos, com a Flor divina que vive e reina contigo, na unidade do Espírito
Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém”.
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